quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Atenção às mudanças da MP789



Helenilson Pontes alerta para a possibilidade do Pará perder 1 bilhão de royalties por ano.




MPs do governo federal autorizam mudança do local de pagamento de taxa


Helenilson Pontes

Municípios paraenses mineradores e o Estado do Pará como um todo podem vir a perder ao ano perto de R$ 1 bilhão em royalties da mineração, caso a nova legislação proposta pelo Governo Federal para o setor mineral seja aprovada pelo Congresso Nacional. Pela proposta, os royalties serão pagos não mais aos municípios e estados produtores, mas sim nos locais para os quais for transferida a produção mineral das empresas. O alerta é dado pelo advogado Helenilson Pontes, ex-vice-governador do Estado e especialista em Direito Tributário.

Em 2016, foram arrecadados R$ 700 milhões para o Estado e municípios em royalties. E o novo Código da Mineração, que está em tramitação no Congresso, aumenta a alíquota do minério de ferro. Com o o aumento da produção estadual a partir do projeto S11D da Vale, em Canaã dos Carajás, o Pará deve chegar a R$ 1 bilhão em royalties pagos nos próximos anos, observa Helenilson Pontes. Ocorre que, em julho deste ano, o Governo Federal enviou ao Congresso Nacional três medidas provisórias alterando a legislação referente à mineração no Brasil. São as MPs nº 789, 790 e 791. Uma trata de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), que são os royalties; outra sobre o Código da Mineração e outra, sobre a criação da Agência Nacional de Mineração.

Trata-se de um conjunto de regras que até incluem o aumento da alíquota de CFEM. “Mas, uma regra específica altera diretamente a relação da mineração com o povo paraense. É a MP nº 789. Atualmente, o royalty é pago no lugar onde ocorre a extração mineral.



O texto acima, RETIRADO do http://www.blogdocarpe.com.br/2017/09/helenilson-pontes-alerta-para.html, nos alerta para a realidade desse governo golpista: dar a VALE e as mineradoras a tremenda vantagem de entregar o CFEM em localidade diversa da produção. Os municípios mineradores praticamente perdem toda sua capacidade de planejamento, ficando totalmente dependentes da boa vontade das mineradoras, que podem decidir onde pagar a compensação financeira.

E o desproposito de tal medida é total, quem vai pagar essas cidades pela devastação socioambiental que a mineração causa? Como se daria se uma empresa decidisse mudar o local do recolhimento, apoiada por essa MP e divergindo da CF88, como ficaria essa sociedade afeita a influência perversa da mineração? 

É uma postura desses estados e cidades que veremos  agora, seu poder de convencimento a um congresso que acata ordens do planalto e de seus chefes. A sorte esta lançada.

Não é o percentual colocado diante do aumento de preços internacionais. O fato é a localidade do recolhimento dessa compensação. A MP 789 assusta  pelo simples fato de trazer tamanha insegurança para cidades que perdem muito com os buracos que ficam após o esgotamento das jazidas. Vide Serra Pelada.
 

Apesar de Helenilson Pontes Achar que ainda vai ter muito debate sobre isso ele também entende que para as empresas é indiferente para quem elas pagam. O problema realmente fica para estados e municípios mineradores...

domingo, 10 de setembro de 2017

Precisamos arrumar a bagunça tributária



Economistas defendem em Belo Horizonte reforma tributária
  • 10/09/2017 14h07
  • Belo Horizonte
Léo Rodrigues – Correspondente da Agência Brasil
Reunidos no 22º Congresso Brasileiro de Economia, profissionais de todo o país aprovaram carta em que defendem a reforma tributária e criticam o que cham de desnacionalização de setores estratégicos da economia.

Na versão final do documento,  os economistas lamentam a amplitude do contingenciamento orçamentário.




O congresso, encerrado na noite de sexta-feira (8), mobilizou mais de 1,5 mil economistas brasileiros e também convidados internacionais. Os principais temas em debate foram reforma tributária, infraestrutura do setor elétrico, Previdência Social, agricultura, desenvolvimento industrial, política cambial, papel do estado na economia e jornalismo econômico. Organizado pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon), o evento é considerado o maior da área no país. Neste ano, o congresso teve como tema Desenvolvimento Econômico, Justiça Social e Democracia: Bases para um Brasil Contemporâneo.

Na Carta de Belo Horizonte, os economistas afirmam que o Estado brasileiro gasta muito com "transferências para os que estão no topo da pirâmide social, mediante juros da dívida pública, subsídios creditícios, desonerações e isenções fiscais, sacrificando os programas e políticas sociais", e propõem a tributação sobre lucros e dividendos de pessoa física.

Segundo o presidente do Cofecon, Júlio Miragaya, a crise brasileira é estrutural, e no longo prazo não há saída sem mexer no modelo tributário. "No Brasil, quem recebe até dois salários mínimos tem carga tributária total de 49% dos seus rendimentos. São 3% de tributos diretos e 46% de indiretos. Enquanto quem tem rendimentos superiores a 30 salários mínimos tem carga tributária de 26%. São 10% de tributos diretos e 16% de indiretos. O Brasil é mesmo singular. Aqui quem reclama de pagar impostos são aqueles que menos pagam e mais sonegam", afirmou Miragaya.

Sobre a chamada desnacionalização da economia, os congressistas manifestaram receio de que uma eventual onda de privatizações que alcance empresas como Eletrobras, Petrobras, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para eles, haveria risco de perda da soberania nacional. Na carta, os economistas criticam ainda os bancos e as grandes corporações, por tentarem impor seus interesses ao conjunto da sociedade brasileira.

Política econômica
Ao pedir justiça social e democracia, o documento destaca que a política de valorização do salário mínimo, alidada a programas sociais, permitiu uma melhoria da qualidade de vida no país.

Para o economista Antônio Correia Lacerda, que recebeu no congresso o Prêmio Personalidade Econômica do Ano de 2016, há no Brasil um processo de "apequenamento" do conceito de política econômica. Para Lacerda, a economia não pode ser considerada apenas como finanças de curto prazo e deve levar em conta estratégias para redução das desigualdades.

"Uma ciência ampla está hoje restrita a problemas financeiros de curto prazo. O Brasil está metido numa armadilha que só se preocupa com as metas de inflação. Antigamente, tínhamos meta de superávit. Agora temos meta de déficit", acrescentou Lacerda.
Edição: Nádia Franco