Falta
saneamento básico para 2 bilhões de pessoas no mundo, diz ONU
Publicado em 18/03/2019 - 21:18
Por Heloisa Cristaldo - Repórter
da Agência Brasil Brasília
Mais de 2
bilhões de pessoas carecem de serviços básicos de saneamento básico no mundo,
diz relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o desenvolvimento
mundial da água, A publicação Não Deixar Ninguém Para Trásserá
lançada nesta terça-feira (19) durante a 40ª Sessão do Conselho de Direitos
Humanos da ONU, em Genebra, na Suíça.
De acordo
com o relatório, apesar do progresso nos últimos 15 anos, o direito à água
potável segura e limpa e ao saneamento é inacessível para grande parte da
população mundial. Em 2015, três em cada 10 pessoas (2,1 bilhões) não tinham
acesso a água potável e 4,5 bilhões de pessoas, ou seis em 10, não tinham
instalações de saneamento com segurança.
“Se a
degradação do meio ambiente e a pressão insustentável sobre os recursos
hídricos globais continuarem no ritmo atual, 45% do Produto Interno Bruto
global e 40% da produção global de grãos estarão em risco até 2050. Populações
pobres e marginalizadas serão afetadas de forma desproporcional, agravando
ainda mais as desigualdades”, ressalta o presidente da ONU-Água e presidente do
Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola, Gilbert F. Houngbo.
Segundo Houngbo, o documento aponta a necessidade de adaptar abordagens, tanto na política quanto na prática, para abordar as causas da exclusão e da desigualdade.
Segundo Houngbo, o documento aponta a necessidade de adaptar abordagens, tanto na política quanto na prática, para abordar as causas da exclusão e da desigualdade.
Cenário global
O
relatório informa que metade das pessoas que bebem água de fontes não seguras
vivem na África. Na África Subsaariana, apenas 24% da população têm acesso a
água potável e 28% têm instalações de saneamento básico que não são
compartilhadas com outras famílias.
Quase
metade das pessoas que bebem água de fontes desprotegidas vivem na África
Subsaariana, onde o ônus da coleta recai principalmente sobre mulheres e
meninas, muitas das quais gastam mais de 30 minutos em cada viagem para buscar
água. Sem água e saneamento seguro e acessível, essas pessoas provavelmente
enfrentarão condições de saúde e de vida precárias, desnutrição e falta de
oportunidades de educação e emprego.
As
discrepâncias são significativas mesmo dentro dos países, especialmente entre
os ricos e os pobres. Nas áreas urbanas, pessoas que vivem em acomodações
improvisadas sem água corrente podem pagar de 10 a 20 vezes mais caro que moradores
de bairros mais ricos por água de qualidade semelhante ou menor comprada de
vendedores ou caminhões-tanque.
“Há
muitas disparidades principalmente entre países, mas muitas vezes dentro dos
próprios países. Este é um discurso que tem a ver com os países menos
desenvolvidos, mas, em alguns casos, também com países desenvolvidos. Então, a
mensagem central do relatório é que bilhões de pessoas ainda estão sendo
deixadas para trás”, afirmou o oficial de Meio Ambiente da Unesco no Brasil,
Massimiliano Lombardo.
O
documento também ressalta o impacto dessas condições na vida dos refugiados
pelo mundo. Em 2017, conflitos e perseguição forçaram 68,5 milhões de pessoas a
fugir de suas casas. Além disso, uma média anual de 25,3 milhões de pessoas foi
forçada a migrar por causa de desastres naturais, duas vezes mais do que no
início dos anos 70 - um número que deve aumentar ainda mais devido às mudanças
climáticas.
“Existem
cada vez mais refugiados em decorrência dos desastres ambientais e 90% dos
desastres como inundações ou secas são causados pela água – pelo excesso ou
pela falta. Isso determina a causa de uma série de imigrações de um país para
outro ou de uma região para outra dentro do próprio país. Então, mais pessoas
se acumulando em um mesmo lugar onde há disponibilidade de água acaba pondo em
risco a capacidade do Estado, da autoridade daquele país, conseguir
providenciar água e saneamento para todos nas mesmas condições”, afirmou
lombardo.
Segundo
Lombardo, apesar de não haver um recorte específico para o Brasil, o país tem
avançado ao longo das últimas décadas. Ele aponta a Política Nacional de
Recursos Hídricos como um avanço na legislação da água, bem como o sistema de
gestão público do recurso.
“Existe a
possibilidade da população, de diferentes usuários da água como produtores,
usuários industriais e agrícolas poderem contribuir, participar da tomada de
decisão a respeito de recursos hídricos. A situação atual do Brasil em relação
à situação do mundo é diferente. Onde não existem políticas ou leis bem
desenvolvidas, não existe um sistema de governança. No Brasil, ao contrário, já
foram dados bons passos adiante nesse sentido”, ressaltou o representante da
Unesco.
Perspectivas
Para as
Nações Unidas, políticas mal planejadas e implementadas de maneira inadequada,
uso ineficiente e inapropriado de recursos financeiros e ausência de políticas
públicas alimentam a persistência de desigualdades no acesso à água potável e
ao saneamento.
“Se a exclusão e a desigualdade não forem tratadas de forma explícita e responsiva, tanto em termos de políticas quanto na prática, as intervenções relacionadas à água continuarão a não alcançar os mais necessitados, que provavelmente seriam os maiores beneficiados”, enfatiza o relatório da ONU.
“Se a exclusão e a desigualdade não forem tratadas de forma explícita e responsiva, tanto em termos de políticas quanto na prática, as intervenções relacionadas à água continuarão a não alcançar os mais necessitados, que provavelmente seriam os maiores beneficiados”, enfatiza o relatório da ONU.
A
publicação ressalta que as “metas são totalmente alcançáveis, desde que exista
uma vontade coletiva para proceder assim”. “Melhorar a gestão dos recursos
hídricos e fornecer a todos o acesso a água potável e saneamento seguros e
acessíveis financeiramente são ações essenciais para erradicar a pobreza,
construir sociedades pacíficas e prósperas, e garantir que ‘ninguém seja
deixado para trás’ no caminho rumo ao desenvolvimento sustentável”.
Edição: Nádia Franco
Tags: CONSELHO DE DIREITOS HUMANOSONURELATÓRIOSANEAMENTO BÁSICOÁGUA POTÁVELMEIO AMBIENTERECURSOS HÍDRICOS
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