sábado, 12 de setembro de 2015

Neurociência e estatística

Estatística aplicada
à neurociência
João Ricardo Sato utiliza ferramentas matemáticas, estatísticas e computacionais para estudar o funcionamento do cérebro.



Paulo: Uma das possíveis saídas para a mudança das matrizes de produção local seria  a atração de grandes escolas\centro de pesquisa para se estabelecerem na região, atraindo mentes e alternativas para o estudo, compreensão e analise da floresta e seus recursos renováveis.



ED. 234 | AGOSTO 2015


O estatístico e neurocientista João Ricardo Sato, de 34 anos, desde criança gostava de ciências, principalmente física, biologia e computação. A proximidade com a área de exatas ocorreu naturalmente, já que sua mãe é professora no Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). A aptidão para a área ficou mais patente durante o ensino médio, o que o levou a prestar vestibular para o bacharelado em Estatística no Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP. A escolha teve como motivação o seu desejo de trabalhar no mercado financeiro. “Desde o primeiro ano da faculdade comecei a fazer iniciação científica nessa área e procurei um especialista em séries temporais, o professor Pedro Alberto Morettin”, relata.


As séries temporais envolvem o estudo de observações feitas sequencialmente ao longo do tempo, com aplicações em vários setores. “Gostei tanto do tema que fiz três projetos de iniciação científica nessa área e realizei meu estágio no mercado financeiro.” Após terminar a faculdade em 2002, trabalhou no ramo de investimentos e ações, época em que começou a cursar o mestrado no IME.

Nesse período ele conheceu Daniel Takahashi, médico formado que estava cursando uma segunda graduação em matemática. “Nas nossas conversas de café, ele me mostrou que métodos de séries temporais e estatística poderiam ser aplicados à área médica, não somente em epidemiologia, mas também em neurociências, para entender melhor o cérebro”, conta. “Decidi que era isso o que queria fazer, aplicar e desenvolver métodos quantitativos para entender melhor como o cérebro funciona em uma pesquisa interdisciplinar”, explica Sato. Começou o doutorado em 2004 com um projeto voltado para o desenvolvimento de métodos estatísticos e neuroimagem para responder a questões sobre a conectividade cerebral. Em 2006 fez doutorado-sanduíche no Instituto de Psiquiatria do King’s  College, de Londres, na área de aprendizado de máquinas, e em 2009 passou em concurso para o Centro de Matemática, Computação e Cognição da Universidade Federal do ABC (UFABC). “A minha contratação e de outros cinco docentes deu início às atividades do Núcleo de Cognição e Sistemas Complexos, unidade vinculada à reitoria”, diz Sato. “O grupo conta atualmente com 30 docentes associados e incubou o primeiro bacharelado em neurociência do Brasil e também o programa de pós-graduação em neurociência e cognição da universidade.” Entre 2009 e 2014, Sato foi coordenador da equipe desse núcleo, que hoje abriga a infraestrutura laboratorial em neurociências e promove atividades de pesquisa, ensino e extensão na área. Atualmente, seu foco de pesquisa se concentra no estudo do neurodesenvolvimento, envelhecimento e bases neurais dos transtornos mentais.

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