domingo, 23 de outubro de 2016

Próxima parada, Marte!

Marte
Depois de acreditar ter visto canais de água na superfície e de pensar que o planeta poderia ser habitado, os terráqueos se lançaram à conquista de Marte
Por AFP
access_time 19 out 2016, 17h14





 Marte: terráqueos se lançam à sua conquista e querem enviar o primeiro voo tripulado até 2030 (Nasa/Divulgação)




Há tempos, o homem é fascinado por Marte. Depois de acreditar, equivocadamente, ter visto canais de água em sua superfície e de pensar que aquele planeta poderia ser habitado por marcianos, os terráqueos se lançaram à sua conquista e querem enviar o primeiro voo tripulado até 2030.

O planeta de cor vermelha – devido à presença de óxido de ferro na sua superfície -, tem o nome do deus da guerra. E conquistá-lo não é fácil. Desde os anos 1960, houve mais de 40 missões espaciais rumo ao planeta vizinho, hostil pela sua atmosfera fina, suas temperaturas gélidas, a aridez do seu solo e as suas tempestades de poeira. Houve muitos fracassos, principalmente russos.

Estreias em série
A União Soviética foi a primeira a enviar sondas ao planeta vermelho, a partir de 1960, mas sofreu uma série de reveses.

Em 1964, os Estados Unidos tiveram sucesso pela primeira vez com a sonda Mariner 4, que sobrevoou Marte e trouxe para a Terra imagens que mostram uma superfície árida coberta de crateras. Em 1971, a Mariner 9 conseguiu pela primeira vez entrar com sucesso na órbita do planeta. Naquele mesmo ano, os soviéticos conseguiram pousar a Marte 3, mas esta deixou de emitir sinais poucos segundo depois.

Graças aos seus custosos programas Viking, os americanos deram um passo decisivo em direção à conquista de Marte. Em 1976, ambas as sondas Viking 1 e Viking 2 enviaram com sucesso seus respectivos módulos de pouso. Lançado em 1996, o módulo americano Mars Pathfinder foi o primeiro a levar um pequeno robô móvel a Marte, o Sojourner, abrindo uma nova etapa na conquista do planeta vermelho.

Schiaparelli não está sozinho
Nesta quarta-feira, se tudo der certo, a sonda russa-europeia TGO entrará na órbita marciana e o módulo Schiaparelli pousará na superfície do planeta. Mas não estarão sozinhos. Há cinco sondas na órbita de Marte e dois robôs americanos explorando a sua superfície.

A sonda americana Mars Odyssey trabalha lá desde 2001. A Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), chegada em 2006, e a Maven, em 2014, também dos Estados Unidos, continuam em ação. A sonda europeia Mars Express gira em volta do planeta vermelho desde 2003 e tentará captar o sinal de Schiaparelli após o impacto.

A Índia se juntou ao clube em 2013, quando lançou com sucesso a sonda Mars Orbiter Mission (Magalyaan). O robô americano Opportunity, que chegou a Marte em 2004, continua funcionando. Tentará observar Schiaparelli e seu grande paraquedas durante a descida. Já o robô Curiosity trabalha desde 2012 no solo marciano.

Em 2020, risco de lotação
O interesse por Marte não diminuiu, e há novos atores se aventurando.

Em 2018, a Nasa enviará o robô americano InSight para escrutar as entranhas de Marte. Levará um instrumento de fabricação francesa para medir a atividade sísmica.
O ano de 2020 promete. A missão russo-europeia ExoMars 2020 enviará um robô para perfurar o solo marciano a dois metros de profundidade e procurar rastros de uma vida bacteriana passada. Graças à Mars 2020, a Nasa quer enviar um robô móvel e realizar outras perfurações.

A China também planeja enviar uma nave espacial para a órbita de Marte até 2020, antes de lançar um veículo teleguiado na sua superfície. E os Emirados Árabes Unidos estão preparando uma pequena sonda científica.

Voos tripulados?
O presidente americano, Barack Obama, confirmou na semana passada sua vontade de que os Estados Unidos “enviem seres humanos para Marte na década de 2030 e façam com que eles regressem em segurança para a Terra”. Esse “passo de gigante” será dado graças a uma estreita colaboração com o setor privado.

“Há décadas, dizemos que vamos enviar homens a Marte com a esperança de que aumentem o orçamento da Nasa para consegui-lo”, disse à AFP François Forget, diretor de pesquisa do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), da França.

“A grande revolução é que agora se pensa no que a Nasa pode fazer, eventualmente com sócios estrangeiros, com um orçamento constante”, acrescenta.

O milionário Elon Musk, fundador da empresa SpaceX, é ainda mais ambicioso. No final de setembro passado, apresentou um projeto para estabelecer uma “aldeia” em Marte, enviando seres humanos a bordo de grandes naves espaciais equipadas com cabines, pelo preço de 100.000 dólares por pessoa.

Musk disse estar “otimista” sobre a possibilidade de enviar a primeira missão tripulada em 2024, que chegaria a Marte no ano seguinte.


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