Marte
Depois de acreditar ter visto
canais de água na superfície e de pensar que o planeta poderia ser habitado, os
terráqueos se lançaram à conquista de Marte
Por AFP
access_time 19 out 2016, 17h14
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Marte: terráqueos se lançam à sua conquista e
querem enviar o primeiro voo tripulado até 2030 (Nasa/Divulgação)
Há tempos, o homem é fascinado por Marte.
Depois de acreditar, equivocadamente, ter visto canais de água em sua
superfície e de pensar que aquele planeta poderia ser habitado por marcianos,
os terráqueos se lançaram à sua conquista e querem enviar o primeiro voo
tripulado até 2030.
O planeta de cor vermelha – devido à presença de
óxido de ferro na sua superfície -, tem o nome do deus da guerra. E
conquistá-lo não é fácil. Desde os anos 1960, houve mais de 40 missões
espaciais rumo ao planeta vizinho, hostil pela sua atmosfera
fina, suas temperaturas gélidas, a aridez do seu solo e as suas tempestades de
poeira. Houve muitos fracassos, principalmente russos.
Estreias em série
A União Soviética foi a primeira a enviar sondas ao
planeta vermelho, a partir de 1960, mas sofreu uma série de reveses.
Em 1964, os Estados Unidos tiveram sucesso pela
primeira vez com a sonda Mariner 4, que sobrevoou Marte e trouxe para a Terra
imagens que mostram uma superfície árida coberta de crateras. Em 1971, a
Mariner 9 conseguiu pela primeira vez entrar com sucesso na órbita do
planeta. Naquele mesmo ano, os soviéticos conseguiram pousar a Marte 3,
mas esta deixou de emitir sinais poucos segundo depois.
Graças aos seus custosos programas Viking, os
americanos deram um passo decisivo em direção à conquista de Marte. Em 1976,
ambas as sondas Viking 1 e Viking 2 enviaram com sucesso seus respectivos
módulos de pouso. Lançado em 1996, o módulo americano Mars Pathfinder foi
o primeiro a levar um pequeno robô móvel a Marte, o Sojourner, abrindo uma nova
etapa na conquista do planeta vermelho.
Schiaparelli não está sozinho
Nesta quarta-feira, se tudo der certo, a sonda
russa-europeia TGO entrará na órbita marciana e o módulo Schiaparelli pousará
na superfície do planeta. Mas não estarão sozinhos. Há cinco sondas na
órbita de Marte e dois robôs americanos explorando a sua superfície.
A sonda americana Mars Odyssey trabalha lá desde
2001. A Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), chegada em 2006, e a Maven, em 2014,
também dos Estados Unidos, continuam em ação. A sonda europeia Mars
Express gira em volta do planeta vermelho desde 2003 e tentará captar o sinal
de Schiaparelli após o impacto.
A Índia se juntou ao clube em 2013, quando lançou
com sucesso a sonda Mars Orbiter Mission (Magalyaan). O robô americano
Opportunity, que chegou a Marte em 2004, continua funcionando. Tentará observar
Schiaparelli e seu grande paraquedas durante a descida. Já o robô Curiosity
trabalha desde 2012 no solo marciano.
Em 2020, risco de lotação
O interesse por Marte não diminuiu, e há novos
atores se aventurando.
Em 2018, a Nasa enviará o robô americano InSight
para escrutar as entranhas de Marte. Levará um instrumento de fabricação
francesa para medir a atividade sísmica.
O ano de 2020 promete. A missão russo-europeia
ExoMars 2020 enviará um robô para perfurar o solo marciano a dois metros de
profundidade e procurar rastros de uma vida bacteriana passada. Graças à
Mars 2020, a Nasa quer enviar um robô móvel e realizar outras perfurações.
A China também planeja enviar uma nave espacial para
a órbita de Marte até 2020, antes de lançar um veículo teleguiado na sua
superfície. E os Emirados Árabes Unidos estão preparando uma pequena sonda
científica.
Voos tripulados?
O presidente americano, Barack Obama, confirmou na semana passada sua vontade de que os
Estados Unidos “enviem seres humanos para Marte na década de 2030 e façam com
que eles regressem em segurança para a Terra”. Esse “passo de gigante” será
dado graças a uma estreita colaboração com o setor privado.
“Há décadas, dizemos que vamos enviar homens a
Marte com a esperança de que aumentem o orçamento da Nasa para consegui-lo”,
disse à AFP François Forget, diretor de pesquisa do Centro Nacional de Pesquisa
Científica (CNRS), da França.
“A grande revolução é que agora se pensa no que a
Nasa pode fazer, eventualmente com sócios estrangeiros, com um orçamento
constante”, acrescenta.
O milionário Elon Musk, fundador da empresa SpaceX,
é ainda mais ambicioso. No final de setembro
passado, apresentou um projeto para estabelecer uma “aldeia” em Marte, enviando
seres humanos a bordo de grandes naves espaciais equipadas com cabines, pelo
preço de 100.000 dólares por pessoa.
Musk disse estar “otimista” sobre a possibilidade
de enviar a primeira missão tripulada em 2024, que chegaria a Marte no ano
seguinte.
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