SUSHI COM MANIÇOBA
Quando
acho que já vi tudo me aparece mais essa louvável tentativa: vender sushis, sashimis,
temakis e comida asiática, num ambiente de selva. Com o calorão e o preço da
energia elétrica nesse mato sujo chamado Parauapebas. E ainda mais no internacional,
Partage Shopping. É muita cafonice. E ainda oferecem 100 gramas por R$6,48.
Parece piada. Como esse pessoal, vendendo comida japonesa, a cara e complicada
comida japonesa, complicada mais pela logística e pela exigência da própria
cozinha, de alimentos frescos e diários, querem ganhar dinheiro numa cidade em
que as pessoas comem feijão, arroz, maniçoba e panelada? Ou será a pequena
elite formada por pioneiros comerciantes e fazendeiros?
Vejamos
os números práticos: 80% da carga salarial está restrita ao mínimo, 886,00, o
desemprego atinge 40 mil pessoas, sendo a grande maioria desempregada há mais de
um ano, os tais “consumidores de comida japonesa” saindo da cidade sob pesados
prejuízos com a estagnação econômica e os elevadíssimos custos de negócio, as
taxas absurdas e a depreciação acelerada das instalações e equipamentos. Não
dura um ano.
Deveriam
ter iniciado em negócio menos arriscado. Ter uma loja no Partage Parauapebas é
arrematada loucura, os custos fixos derrubam qualquer possibilidade de lucro. E
quem escreve é o autor do livro Shopping, na Bookess, que fez o estudos que resultaram
na venda do negócio mais maluco de Parauapebas, a construção de shopping de
localidade sem localidade.
Sabemos
do destino do empreendimento Tomiex Sushi Express, repleto de boas intenções e seguramente impecável plano de negócios. Em breve os proprietários, seguramente enganados por uma dessas
consultorias a distância, verão suas vendas iniciais declinarem, verão a curva
de receita se aproximando perigosamente da curva de custeio, recorrerão a
fundos para se manter e depois fecharão as portas, assumindo prejuízo. Não tem
como ganhar dinheiro com comida no shopping. Não tem como ganhar dinheiro com
comida japonesa em Parauapebas. No começo tudo bem, mas como consultor e
modelador, não dou seis meses.
Perderão
dinheiro por não terem estudado o mercado devidamente. Podem até ter feito
estudos, mas foram parciais.
É
esse nosso trabalho. Não apenas apresentar estudos localizados para quem quer
investir. É criar modelos, com até 98% de segurança quanto aos destinos, ao
longo de x tempo.
Como
vender peixe cru numa cidade que não tem rede de esgoto e nem água tratada?
Sugiro que troquem o nome de Tomiex para Maniçoba. Ou Açaí. Para orgulho do
povo paraense ou maranhense. Porque os mineiros mesmo, preferem pão de queijo,
arroz e feijão tropeiro.
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