Clínicas privadas brasileiras negociam compra de vacina da Índia
A ABCVAC negocia com a farmacêutica Bharat Biotech a compra de 5 milhões de doses de uma vacina contra covid-19
© STEVE PARSONS/POOL/AFP via Getty Images |
A Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC) negocia com a farmacêutica Bharat Biotech a compra de 5 milhões de doses de uma vacina contra covid-19. Produzida na Índia, a Covaxin poderá ser aplicada em caráter emergencial, conforme autorização concedida pelas autoridades do país, neste sábado (2).
A vacina, porém, ainda não tem o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser distribuída no Brasil. A liberação do órgão envolve diversas etapas até o registro e outras informações de vacinas contra covid-19. O processo estabelecido pela agência envolve a observação de possíveis reações adversas, a fase de avaliação de qualidade, de certificação de boas práticas de fabricação, o pedido de uso emergencial, o pedido de registro e o monitoramento do plano de gerenciamento de risco.
Membros da entidade viajam hoje
para a cidade de Hyderabad, capital do estado de Telangana, no sul da Índia,
para conhecer a fábrica da farmacêutica, que tem capacidade de produzir 300
milhões de doses, sendo que uma parcela deverá atender ao país asiático. A
associação representa 200 clínicas, que equivalem a 70% do mercado privado
nacional e terão prioridade na aquisição da vacina.
De acordo com a ABCVAC, o
imunizante é administrado em duas doses, com intervalo de duas semanas entre
elas, induziu um anticorpo neutralizante, provocando uma resposta imune e
levando a resultados eficazes em todos os grupos de controle, sem eventos
adversos graves relacionados à vacina. Na última fase antes da liberação para
uso emergencial, ela foi aplicada em 26 mil voluntários em 22 localidades da
Índia.
O anúncio gerou repercussão nas
redes sociais, durante o fim de semana. Diversos usuários do Twitter criticaram
a negociação, afirmando que favorece a rede privada de saúde, em detrimento do
Sistema Único de Saúde (SUS). Foram postados diversos comentários afirmando que
as pessoas sem plano de saúde e que dependem da rede pública serão prejudicadas.
Procurado pela Agência
Brasil, o Ministério da Saúde disse que o início da vacinação contra covid-19
deverá ser realizado no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme
previsto no Plano de Operacionalização da Vacinação.
"Na eventualidade da
integração de clínicas particulares de vacinação ao Plano Nacional, é preciso
observar que o registro da aplicação do imunizante precisaria ser feito junto à
Rede Nacional de Dados de Saúde e à caderneta digital de vacinação. Esta
rastreabilidade possibilita identificar quem tomou a vacina e em qual data,
além de precisar o laboratório e o lote do imunizante, possibilitando a
aplicação de uma segunda dose no prazo correto", acrescenta, em nota.
A pasta diz ainda que, mesmo com
a negociação entre a ABCVAC e a Bharat Biotech, a imunização irá respeitar a
ordem de grupos, priorizando os já definidos como prioritários. "Os grupos
prioritários, propostos pelo Ministério da Saúde em parceria com Conass
[Conselho Nacional de Secretários de Saúde] e Conasems [Conselho Nacional de
Secretarias Municipais de Saúde], devem, a princípio, ser obedecidos mesmo que
haja integração de clínicas particulares de vacinação ao processo de
imunização", diz o ministério.
Noticia: Agência Brasil
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