Campeão
de assassinatos, Brasil perde mais da metade dos seus jovens a cada ano-Atlas
da Violência 2016
Publicado
há 4 dias - em 22 de março de 2016 » Atualizado às 16:59
Categoria » Violência contra Mulher · Violência Racial e Policial
Categoria » Violência contra Mulher · Violência Racial e Policial
Mais de 10% dos assassinatos que
acontecem anualmente no planeta são registrados exclusivamente no Brasil, que
detém o título mundial de homicídios. É uma das conclusões do Atlas da
Violência 2016, cujos dados foram divulgados na manhã desta terça-feira (22),
pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)em parceria com o Fórum
Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Por Thiago
de Araújo Do Brasil Post
Tomando por base os números
oficiais de 2014, o documento aponta que 59.627 homicídios foram registrados no
Brasil, o que torna o País o mais letal do mundo em número absolutos. A taxa de
assassinatos aqui – 29,1 homicídios por 100 mil habitantes – é quase três vezes
maior daquela que a Organização das Nações Unidas (ONU)
classifica como ‘epidêmica’ (superior a 10 homicídios por 100 mil habitantes).
O levantamento – que se divide
entre mortes em decorrência do uso de armas de fogo, violência policial, homicídios de afrodescendentes,
mulheres e jovens –apresenta outro fato preocupante: sem em cidades brasileiras
mais populosas se registraram as maiores quedas no número de assassinatos, nos
municípios menores o índice subiu. Exemplificando, enquanto São Paulo teve uma
queda de 65% entre 2004 e 2014, em Senhor do Bonfim (BA) o aumento de
homicídios foi de 1.136%.
De acordo com os pesquisadores, o
País vive uma “tragédia” com tamanho aumento da violência, distinta de dados já
altos apurados entre 2004 e 2007 (de 48 mil a 50 mil homicídios) e de 2008 a
2011 (de 50 mil a 53 mil assassinatos). Tamanha violência causa reflexões para
a diversas áreas sociais, como a saúde, e consolidam dinâmicas já conhecidas,
como o fato de que homens jovens, em sua maioria negros, como as principais
vítimas.
O Atlas da Violência 2016 mostra
que aumentou em 18,2% a chance de um negro ser assassinado, ao passo que
ocorreu uma redução de 14,6% na taxa de homicídios de pessoas brancas, amarelas
e indígenas. No que chama de “questão da violência
por raça” que “toma proporções inacreditáveis”, o estudo apresenta ainda um
perfil etário dos que mais são vítimas de homicídio no Brasil.
Das mortes de homens na faixa
etária de 15 a 29 anos, 46,4% são ocasionadas por homicídios.
A situação fica ainda mais grave na análise dos assassinatos de homens com
idade entre 15 e 19 anos: o indicador passa para 53%. Em 2014, para cada não
negro que sofreu homicídio, 2,4 indivíduos negros foram mortos.
Considerando os assassinatos de
mulheres em 2014, um total de 4.757 foram vítimas de mortes por agressão. O
número equivale a 13 mulheres mortas por dia no País. Os três Estados com
maiores taxas de letalidade contra as mulheres foram Roraima (9,5), Goiás (8,8)
e Alagoas (7,3).
Aliás, entre os Estados a
situação de Alagoas é a que mais preocupa, com taxa de 63 homicídios por 100
mil habitantes. No mesmo Estado há ainda a maior taxa de homicídio de negros
(82,5), o que significa que, para cada não negro assassinado, outros 10,6
negros eram mortos. Na análise entre 2004 e 2014, seis Estados tiveram aumento
no indicador acima de 100%, todos na Região Nordeste: Rio Grande do Norte
(306%), Maranhão (209,4%), Ceará (166,5%), Bahia (132,6%), Paraíba (114,4%) e
Sergipe (107,7%).
Já São Paulo é o Estado com maior
redução na taxa de homicídios, com queda de 52,4% entre 2004 e 2014. Outros
sete Estados apresentaram redução no indicador no mesmo intervalo: Rio de
Janeiro (-33,3%), Pernambuco (-27,3%), Rondônia (-14,1%), Espírito Santo
(-13,8%), Mato Grosso do Sul (-7,7%), Distrito Federal (-7,4%) e Paraná
(-4,3%).
Armas de fogo
No que diz respeito aos
homicídios por arma de fogo no Brasil há dois anos, eles respondem por 44.861
mortes, segundo o levantamento do Ipea e do FBSP. O indicador é bem superior
aos 21%, que representam a média dos países europeus. A proporção caiu com a
sanção do Estatuto do Desarmamento, em 2003, quando a taxa alcançou 77%, mas a
violência letal com arma de fogo no Brasil atinge patamares comparáveis a
poucos países da América Latina.
Em uma projeção sem a existência
do estatuto, o estudo afirma que os homicídios seriam uma tragédia social ainda
pior. A comparação mostra que, caso o estatuto não tivesse sido sancionado em
2003, em média, entre 2011 e 2013, seria de pelo menos77.889 homicídios
no Brasil, ou 41% a mais de homicídios, em relação ao observado na pesquisa. É
uma conclusão semelhante à já feita por outro estudo, o Mapa da Violência.
Por Estado, as mortes por arma de
fogo no Brasil acontecem mais nos Estados das regiões Norte e Nordeste – o que
seria agravado, caso não existisse o Estatuto do Desarmamento. O Atlas da
Violência mostra que o total de mortes nessas regiões teria sido de 7.224 (Norte)
e 29.757 (Nordeste).
Há ainda um trecho dedicado à
letalidade policial, que aponta um quadro de subnotificação de ocorrência,
comparando os dados colhidos pelo Atlas junto ao Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM) e os números apresentados pelo mais recente Anuário
Brasileiro de Segurança Pública.
Enquanto o primeiro mostra apenas
681 mortes por intervenções policiais, o Anuário, utilizando dados coletados
diretamente dos estados pela Lei de Acesso à Informação, apresenta 3.009
mortes decorrentes de intervenção policial – 2.669 delas causadas por
policiais em serviço –, ou seja, há uma diferença de 1.988 mortes, sem
considerar a subnotificação também existente nos registros dos Estados.
Os três Estados nos quais a
polícia mais mata, de acordo com o Atlas são Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia.
No SIM, os números são, respectivamente, 245, 225 e 97 registros de mortes por
intervenção policial. Já pelo Anuário, os dados saltam para 584, 965 e 278,
respectivamente.
Leia a matéria completa em: Campeão de assassinatos, Brasil perde mais da metade dos
seus jovens a cada ano-Atlas da Violência 2016 - Geledés http://www.geledes.org.br/agora-e-com-eles-promotoras-legais-populares-da-restinga-convocam-os-homens-para-falar-sobre-violencia-contra-mulher/#ixzz443vXNPNG
Follow us: @geledes on Twitter | geledes on Facebook
Follow us: @geledes on Twitter | geledes on Facebook